sábado, 21 de junho de 2008

Múmia recém saída do sarcófago

Bom dia, meus caros e ilustres desconhecidos!

Resolvi migrar do Blogger Brasil pra cá por questões técnicas. Fica o link pro sítio arqueológico, pra matar – ou não – a saudade.

Pra inaugurar este novo espaço, adianto que a nova reforma ortográfica da língua portuguesa será ignorada por tempo indeterminado.

Hoje acordei às 4h04, precisamente, após desmaio em frente à TV, vendo minha série favorita. Tinha esse hábito de acordar de madrugada, quando minha insônia marota estava em sua fina flor. Felizmente, pensei ter resolvido tal problema com exercícios de respiração, meditação, terapia e medicamentos, mas é fato que visitantes desagradáveis acabam por bater à nossa porta e inSôninha veio me visitar. Otimista, imagino que tenha sido por conta de o desmaio ter-me impedido de trocar a calça jeans por um pijaminha. Sabe como é calça jeans... Ô peça de vestuário marota...

Alguém recomenda que eu dê um pulo na praça pra jogar damas ou faça uma caminhada na orla acompanhada por uma enfermeira? O horário é apropriado...

Quando a gente acorda de madrugada enquanto todo mundo tá se divertindo ou voltando pra casa da noitada, etc., dá esses rompantes de publicar blog e querer descobrir o Brasil por telefone, fax, SMS, e-mail, Orkut, Facebook, Fotolog, Flickr e o cara do alho a quatro. Essa solidão patética que faz o ser humano querer virar poeta ou prosador no meio da falta do que fazer... Foi isso que fiz: tava insatisfeita com o congelamento estrutural do meu hospedeiro virtual e vim traí-lo, por absoluta razão nenhuma.

Pra fazer valer a leitura, vou contar uma histórinha sobre o meu problema de identidade.

Tendo acendência lusa, como é sabido, fui agraciada com um nome típico e incrivelmente comum tanto na Lusitânia quanto aqui. Talvez tão comum quanto a minha cara. Se os Silva reclamam que seu sobrenome é comum, digo que o conjunto da obra do meu nome causa problemas à minha pessoa. Tenho dificuldade de criar identidades eletrônicas e recebo engano por e-mail sempre. Aliás isso é um fato curioso. Por que diabos as pessoas têm que deduzir o e-mail das outras do vácuo, num rompante do que devem crer ser um sopro de genialidade? Por que não perguntar aos coleguinhas seu endereço de e-mail correto? Tá bom, perdoarei os erros de digitação, mas até hoje só vieram até mim, os gênios da dedução.

Falando da minha cara, essa então me confere o anonimato maior que um ser humano pode vivenciar – ou seria isso uma espécie de popularidade torta? Desde tempos muito remotos, me confundem com parentes e amigos de pessoas que não conheço. Vez ou outra isso me faz parecer bastante antipática, porque há os que gritam e vêm correndo atrás de mim em busca de uma explicação pro fato de eu ignorá-los solenemente na rua. Não, meus queridos: não me chamo Márcia, Flávia, Fernanda, Maria Aparecida e por aí vai. Não sou prima, amiga, cunhada, irmã, tia, mulher, colega de trabalho ou o que quer que seja de ninguém que vocês conheçam.

Certa vez – acho até que já contei isso no sítio arqueológico, talvez até essa história toda de identidade – uma moça na faculdade veio até mim, me deu um tapão na bunda e puxou papo animadíssima. Tomei um susto e fiquei pensando que talvez nos conhecêssemos de algum lugar há muito tempo e tenhamos perdido o contato. Depois pensei que pudesse ter bebido demais e ficado horas conversando com ela em alguma festa. Sou dada a falar quando bebo muito e depois a amnésia é fatal... Contudo, o fato é que eu realmente nunca tinha visto aquela mulher na minha vida, nem sequer tinha esbarrado com ela pelos corredores naquele que era meu último ano na faculdade. Ela insistiu muito que eu era aquela pessoa que estudava com ela na aula da disciplina X e eu dizia pra ela que não, que era impossível, dado que já havia concluído a tal disciplina havia dois anos. Nunca vi uma pessoa tão confusa por ter-me confundido com outra. Deu trabalho explicar e fazê-la entender que eu não era a amiga dela fazendo uma pegadinha.

A vida é assim mesmo, são apenas algumas combinações possíveis até que tudo se repita.

Beijo, obrigada e bom lanche!